Algumas famílias tem dúvidas em como funciona o processo de psicoterapia para crianças e adolescentes, selecionei algumas dúvidas comuns com respostas para que possam esclarecer sobre esses pontos:
O psicólogo é um profissional que possui um conjunto de conhecimentos necessários e específicos, que permite auxiliar o paciente a compreender e enquadrar a sua queixa atual, bem como ajudá-lo a desenvolver recursos e competências que lhe permitam ultrapassar as suas dificuldades e a sentir-se melhor.
Recorre à diálogos com a criança/adolescente, com os pais e com os professores, bem como a testes, questionários e jogos e à observação do comportamento, procura compreender o funcionamento intelectual, emocional e relacional da criança ou adolescente, apresentando depois uma proposta de intervenção com vista à melhoria dos sintomas e ao desenvolvimento de competências promotoras da saúde mental.
Nas crianças o mal estar habitualmente se manifesta com comportamentos que parece começar a fugir do controle da criança e a interferir no equilíbrio da sua vida pessoal e/ou familiar, pode ser um indicador de que chegou o momento de pedir ajuda de um profissional qualificado, como um Psicólogo.
A duração do processo terapêutico é variável, depende da problemática, das características da mesma, do paciente, do contexto do mesmo e do envolvimento da família e criança.
Não há por isso um tempo específico de terapia infantil.
No entanto, o psicólogo poderá ao longo de todo o processo ir transmitindo aos pais em que ponto estão, o que já foi possível resolver e o que está a ser resolvido e isso permite ir avaliando o tempo de terapia.
No entanto, sabemos que a vida não é estanque por isso às vezes durante a terapia surgem outras situações que poderão alargar o tempo de intervenção ou poderão diminui-lo.
O psicólogo é um agente de mudança sim, mas não tem o poder de criar filhos perfeitos ou de acordo com as expectativas dos pais.
O psicólogo poderá ajudar o seu filho a compreender e a contextualizar o que o incomoda e ajudá-lo a sentir-se bem consigo e pode ajudá-lo enquanto pai/mãe a perceber a sua lista de preocupações com o seu filho e o que é passível de mudança e necessário e o que é apenas um ideal e porquê tem esse ideal.
Se ambiciona ajudar o seu filho a sentir-se mais feliz, aposte numa educação familiar na qual ele possa exprimir as suas emoções, pensamentos, sem sentir-se de alguma maneira sozinho, incompreendido ou desalinhado com aquelas que são as suas aspirações para ele.
Envolva-se em atividades que lhe dizem respeito sem invadir a sua intimidade, expresse afeto sem o deixar constrangido.
Se as estratégias que costumava usar deixaram de resultar, procure outras, ele cresceu, tem outras necessidades, coloque limites, pois logo a seguir ao amor ele precisa de regras.
Respeite o seu espaço psicológico, a sua individualidade, para que se sinta seguro no que respeita ao seu processo de autonomia – explique as suas decisões e sempre que possível envolva-o na tomada de decisão.
A Terapia Infantil é um espaço favorável ao crescimento pessoal, o lugar onde se cria intimidade com os nossos pensamentos, emoções, sensações e reações corporais, um modo de estabelecer diálogos internos construtivos e, por isso, transformar padrões de funcionamento, mas tudo isto para que aconteça é essencial que seja integrado numa relação de confiança com o psicólogo.
Desta forma, a regularidade ideal para este acompanhamento seria semanalmente – o tempo ideal para certificar uma relação de confiança entre paciente e terapeuta, assegurar a continuidade necessária do processo de semana para semana e simultaneamente proporcionar um tempo suficiente para a reflexão pessoal, acomodação de sentidos, confrontação com as situações do dia-a-dia, ensaio de novas aprendizagens e surgimento de novos pensamentos, emoções ou sensações.
Se a terapia possuir um ritmo irregular ou assumir intervalos de tempo muito longos de sessão para sessão, torna-se muito difícil o estabelecimento de uma relação de confiança com o terapeuta e impossibilita-se a conveniente exploração de determinadas temáticas, quase como se o processo e a relação estivessem permanentemente a começar e nunca conseguisse dar frutos.
Algumas crianças bem como alguns pais sentem que procurar um psicólogo infantil poderá ser sinônimo de fraqueza ou mesmo significar que a criança é “maluca”.
O fato de existir um problema com criança e não conseguirem resolver, não significa que seja mais fraca ou “maluca” por isso.
Acontece muitas vezes que os pais precisam de alguém externo à família e com conhecimentos específicos da área infantil para conseguir compreender a origem de algumas dificuldades ou mesmo para a resolução de sintomas já bem identificados pelos pais.
Todas as pessoas têm problemas de vez em quando e o mais sensato é assumir essas dificuldades e pedir ajuda para que todos se sintam melhor.
Na psicoterapia não há espaço para julgamentos. O fato do filho ir ao psicólogo não significa assumir que fizeram algo de errado, mas sim que diante uma dificuldade souberam identificar que algo não estava bem e seria melhor recorrer a um profissional.
A psicoterapia vai promover a observação do comportamento, apoiando os pais a aprenderem a identificar as dificuldades dos seus filhos e também as suas potencialidades, permitindo a adaptação as dificuldades das crianças.
Os pais fazem parte do processo de mudança! Sendo fundamental o apoio à melhoria de bem-estar da criança.
Assim, para que todo o processo terapêutico tenha sucesso torna-se fundamental a participação dos pais e por vezes da própria escola.
Desta forma, os pais encontram na terapia orientações sobre maneiras alternativas de lidar com as dificuldades familiares e individuais da criança.
É nessa relação de confiança e escuta sem julgamento, juntamente com as técnicas psicoterapêuticas adequadas para cada situação, que a terapia infantil irá fazer com que a criança melhore e desenvolva as ferramentas necessárias para ser a protagonista da sua própria história.